Life in the village
Diariamente percorro as estradas de terra batida em mau estado que dão acesso aos diferente pontos da obra. Pelo caminho, geralmente absorto pelas preocupações do trabalho, desperto a atenção para observar certos momentos e cenários que compõem a realidade do Malawi, principalmente desta zona mais rural e remota. As pessoas vivem de forma simples vivendo do que cultivam, milho para fazer a nsima, a base da sua alimentação, alguns vegetais e meia dúzia de galinhas. Também possuem cabras e alguns até vacas que pastam guiadas por miúdos pequenos. Durante o dia vejo-os entretidos a ver os carros passar e as máquinas a trabalhar enquanto roem cana de açúcar ou o caroço de uma manga. As famílias são numerosas, vê-se muitas crianças, não há electricidade, de noite a única luz é a da fogueira e das estrelas. Às oito da manhã começa a escola e muitos percorrem longas distâncias a pé pelas estradas em numerosos grupos, outros sozinhos de caderno velho e sujo na mão. Ao domingo vão à igreja, cantam e tocam instrumentos artesanais e dançam. Bebem cerveja caseira e celebram o fim de semana unidos em família.
Apesar das ruínas
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andersen
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andersen
Nacala Railway Project
Mwanza Campsite - Nacala Railway Project 2013 |
Sábado, entardecer, céu em chamas,
sair finalmente do campo,
atravessar rios e buracos, lamas,
mais de 2 horas de estrada até poder ver,
as luzes da cidade africana, a derreter.
Jantar, e depois para quem fique,
e eu ficava sempre,
os colegas tornam-se amigos,
mais uma rodada de gin tonic.
Malawi, Moçambique,
sons e cheiros de África,
Entranha-se aos poucos esta terra estranha.
Enfim, a madrugada,
torna-se então unânime a retirada.
Domingo, na cama, deixar a manha passar,
duche, café e jornal,
então e que tal?
Vamos para a esplanada.
O que vai desejar?
Deixar a tarde passar.
Reset.
Jantar calmo em boa mesa,
Em Portugal está-se melhor,
Mas não foi mau o fim de semana,
está na hora de voltar para o verde, o calor e a lama.
Segunda-feira, clima abafado e quente,
não corre brisa,
derrete-se o aço.
Dozers, dumpers e giratórias,
os encarregados contam aquelas mesmas histórias,
passagens hidráulicas e terraplenagem
escavação, furação e desmonte.
Rasga-se a montanha antiga, intacta e selvagem,
passam bandos de macacos.
Sirene, que vem aí explosão,
águias, pássaros e pedras pelo ar,
mulheres e crianças espantadas a celebrar.
Momentos que não se esquece,
mas com tanto trabalho e sem tempo para o mar,
também o homem esmorece,
e escreve para ver se arrefece.
atravessar rios e buracos, lamas,
e eu ficava sempre,
os colegas tornam-se amigos,
mais uma rodada de gin tonic.
Malawi, Moçambique,
sons e cheiros de África,
Entranha-se aos poucos esta terra estranha.
Enfim, a madrugada,
Domingo, na cama, deixar a manha passar,
duche, café e jornal,
então e que tal?
O que vai desejar?
Deixar a tarde passar.
Reset.
está na hora de voltar para o verde, o calor e a lama.
Segunda-feira, clima abafado e quente,
não corre brisa,
derrete-se o aço.
Dozers, dumpers e giratórias,
passagens hidráulicas e terraplenagem
Rasga-se a montanha antiga, intacta e selvagem,
passam bandos de macacos.
Sirene, que vem aí explosão,
águias, pássaros e pedras pelo ar,
mas com tanto trabalho e sem tempo para o mar,
também o homem esmorece,
Subscrever:
Mensagens (Atom)