Arquitectura

Faculdade de arquitectura, palácio da Ajuda, o rio. Encontro-a, bonita, simples, inteligente. Já não a via há meses, ao ver-me quase grita o meu nome, João! Fala bem espanhol, conta a todo o auditório as suas primeias impressões do México. Lê poesia de uma forma tão natural. Derreto-me a ouvi-la. Na sessão de perguntas, ensaio uma intervenção precipitada e desconexa. No final da sessão, vexado, tento despedir-me rapidamente.
Sou observado clinicamente pelo professor. Não comunico bem com a amiga. Está lá o suposto namorado que eu tento acreditar ser só amigo, em negação. Despeço-me atabalhoadamente na direcção de um cigarro.
A casa era o tema da apresentação. A casa como ser vivo, como parte da natureza.
Segui para Rio Maior, para a serra esventrada de pedreiras e flechada de eólicas, como setas gigantes. Talvez tenhas razão, eu só destruo. Prepara-se a detonação. Estendo fios e cabos, testo o circuito. Não funciona, o tempo urge, entro em stress, pela terceira vez neste dia. Mas resolvo o problema, estilo Robert Jordan do Hemingway.
Chego a casa arrasado. Declino o convite para beber um copo com ela, a amiga e o namorado. 

Balanço

Balanço, balancete
Há um ano estava na merda
Hoje estou melhor
Acabei por arranjar trabalho.

Lisboa, ponte Vasco da Gama
Ao atravessar o Tejo observo
É quase um mar
Com vento, ondas e espuma
Prateado, azul e verde
Conforme o sol, as marés, o tempo.

Chego à outra margem
Demorou quase um ano.

SBSR

20.30 Bloc Party
21.30 Rhye
22.00 Iggy Pop
22.00 Capitão Fausto
22.50 Mac de Marco
23.50 Massive Attack

Faz sentido

Faz sentido esta paragem que fiz. Pelo menos neste momento está a fazer. Costumo pensar que de forma geral conseguimos o que queremos ou quisemos. Pode nunca ser exactamente como imaginámos ou no tempo que queríamos. De qualquer forma parece que sempre que concretizamos o nosso objectivo, já estamos a sonhar com outro.
Quando comecei a pensar em regressar para Portugal imaginava o surf, a família, os amigos, viajar pela Europa, o curso de Inglês, escrever o relatório para a ordem dos engenheiros sobre o projecto de Nacala. Encontrar uma namorada.
Parece que ainda não consegui tudo o que imaginei, mas será que é o que quero mesmo? Olhando por uma perspectiva maior, esta paragem profissional está a ser importante para decidr qual o rumo que vou tomar. Em primeiro lugar, se contiuo o caminho da prospecção mineira ou explosivos. O caminho do desmonte de rocha parece abrir mais portas no futuro. Em segundo lugar, trabalhar em África ou noutro lugar qualquer. Europa, América do Sul, Portugal?

Interrail

29/04 Lisboa - Genéve
30/04 Genéve - Salzburg
1/05 Salzburg - Praga
2/05 Praga - Krakow
4/05 Krakow - Oswiecim
4/05 Oswiecim - Viena
5/05 Viena - Ljubljana
11/05 Trieste - Veneza
12/05 Veneza - Firenze
13/05 Firenze - Rome

Pensamentos em comboios:

Onde é a tua casa?
Hitler não conseguia entrar na Suiça por causa dos Alpes
As posições funcionais de um grupo de amigos
Animais rodeados de humanos na plage de paquis, Genebra.
As caricatas situações num hostel à noite
Pudor ou vergonha na red light district
Cabo de selfies
Gerir momentos de stress
O passageiro desastrado
Crescimento económico vs estabilidade económica
The Doors - Night Train
A floresta europeia e a savana africana
Na Alemanha a paisagem repete-se.

Polónia.
Anoitece lentamente.
O suave por vezes súbito balançar
da velha carruagem leva-me a Cracóvia
Dois trabalhadores polacos atrás de mim bebem e falam embriagados, mas calmos. 
O mais velho tem a voz destruída pelo álcool de muitos anos
O mais novo fala mais alto e larga um Ah de satisfação após mais uma golpada na garrafa.
Fábricas monumentais, escuras, de vidros partidos, equilibram-se na sua própria ruína.
Desceu a noite entretanto.