Arquitectura

Faculdade de arquitectura, palácio da Ajuda, o rio. Encontro-a, bonita, simples, inteligente. Já não a via há meses, ao ver-me quase grita o meu nome, João! Fala bem espanhol, conta a todo o auditório as suas primeias impressões do México. Lê poesia de uma forma tão natural. Derreto-me a ouvi-la. Na sessão de perguntas, ensaio uma intervenção precipitada e desconexa. No final da sessão, vexado, tento despedir-me rapidamente.
Sou observado clinicamente pelo professor. Não comunico bem com a amiga. Está lá o suposto namorado que eu tento acreditar ser só amigo, em negação. Despeço-me atabalhoadamente na direcção de um cigarro.
A casa era o tema da apresentação. A casa como ser vivo, como parte da natureza.
Segui para Rio Maior, para a serra esventrada de pedreiras e flechada de eólicas, como setas gigantes. Talvez tenhas razão, eu só destruo. Prepara-se a detonação. Estendo fios e cabos, testo o circuito. Não funciona, o tempo urge, entro em stress, pela terceira vez neste dia. Mas resolvo o problema, estilo Robert Jordan do Hemingway.
Chego a casa arrasado. Declino o convite para beber um copo com ela, a amiga e o namorado.