As Verdes Colinas de África
Perdi o livro que me acompanhava nesta 1ª estadia em África: As Verdes Colinas de África de Ernest Hemingway. Foi no primeiro de 3 aviões da viagem de Lilongwe para Lisboa. Depois de uma viagem a dormir, acordando apenas com a aterragem, naturalmente que o livro ficou no compartimento das revistas junto ao manual de emergência do avião. Estava a gostar do livro, das descrições da paisagem, das colinas e das planícies, das savanas e das florestas que surgiam entre os relatos das caçadas de Hemingway a rinocerontes, bufalos, leões, kudus, zebras. Do relato da vida no acampamento, do calor e dos mosquitos, do trabalho dos carregadores, esfoladores e portas espinguardas e dos wiskeys com soda no final do dia.
Como escreveu o O Observador, "neste livro e neste pequeno trecho, Hemingway, confessa-se a nós, de uma forma única. Toda a sua essência está aqui."
"(...) Veria os búfalos pastar no sítio onde viviam e, quando os elefantes atravessássem a colina, contemplá-los-ia e vê-los-ia quebrar os ramos sem ser obrigado a disparar, estender-me-ia nas folhas caídas e veria os kudus a pastar e não os alvejaria (...), ficaria estendido todo o dia atrás dum rochedo a olhá-los pela encosta, vendo-os tanto tempo que acabassem por me pertencer para sempre.
(...)
Claro que não se podia ali fazer vida. (...) Isto era o que nos diziam. Decerto. Mas eu não queria ganhar dinheiro. Tudo o que queria era viver ali e ter tempo para caçar. (...) Adorava o país e sentia-me em casa, e quando um homem se sente em casa fora do sítio onde nasceu, é para lá que deve ir.
(...)
Voltarei a África, mas não para ganhar a vida. Isso posso fazê-lo com dois lápis e umas centenas de folhas de papel barato. Mas voltarei onde me apaz viver; realmente viver. Não apenas deixar correr a vida.
(...)
Aqui posso caçar e pescar. Isto, escrever, ler e ver quadros é tudo o que me interessa fazer. Posso recordar todos os quadros. Há outras coisas que gosto de ver, mas estas são as que gosto fazer. Isto e esqui. Mas as minhas pernas agora estão fracas e não vale a pena dar tantas voltas para chegar à neve. Actualmente vê-se gente demais a fazer esqui. (...)."
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