Filme: Out of Africa



Out of Africa é um filme de 1985, realizado por Sydney Pollack com os actores Meryl Streep and Robert Redford na altura com 36 e 49 anos, respectivamente. O filme é inspirado no livro autobiográfico de Isak Dinesen (o pseudônimo da escritora dinamarquesa Karen Blixen) publicado em 1937.

A história inicia-se em 1913 na Dinamarca quando Karen Dinesen se junta com o Barão Bror Blixen num casamento de conveniência. Apesar de ser membro da aristocracia a situação financeira pouco segura leva-os para África com planos de construir uma quinta.
Instalam-se na então British East Africa onde Karen conhece vários colonos ingleses, entre os quais Denys Finch Hatton, um caçador e aventureiro. Os planos com Bror não correm como esperado pois este não demonstra grande interesse na quinta preferindo dedicar-se à caça estando longos períodos longe de Karen. Apesar de ser um casamento de conveniência Karen desenvolve sentimentos por Bror mas cedo descobre as suas relações extra conjugais. Para piorar a situação Karen contrai syphilis através do seu marido (na altura uma doença muito grave) e é obrigada a voltar para a Dinamarca para um tratamento duro e demorado que a impossibilita de poder vir a ter filhos. 
Depois de recuperada Karen regressa a África na altura em que a 1ª Guerra Mundial está a acabar. Torna-se então claro que o casamento com Bror não pode resultar e por sugestão de Karen este sai de casa. A amizade de Karen e Denys desenvolve-se e os dois acabam por tornar-se amantes. Contudo, depois de muitas tentativas de Karen para criar uma relação estável e duradoura, percebe que Denys é impossível de prender e domesticar assim como o é África. Denys prefere a sua vida livre, nómada como a da tribo Massai nas planíces do Kenya, em vez dos luxuosos costumes europeus...

Vi este filme há uns tempos e é sem dúvida um dos melhores filmes que já vi. A história de uma vida com as suas alegrias e tristezas, a superação dos momentos menos bons, a aventura e o perigo sempre presente, o amor, a fotografia e a natureza como expressão da arte e a música certa no momento certo fazem desta película um filme inspirador.



Riding for the feeling

Ngala Beach Lodge 5/02/2012


Riding for the feeling is the best way to reach the shore
Bill Callahan


Farol da Barra

 Farol da Barra, Aveiro. Dez 2011

As Verdes Colinas de África


Perdi o livro que me acompanhava nesta 1ª estadia em África: As Verdes Colinas de África de Ernest Hemingway. Foi no primeiro de 3 aviões da viagem de Lilongwe para Lisboa. Depois de uma viagem a dormir, acordando apenas com a aterragem, naturalmente que o livro ficou no compartimento das revistas junto ao manual de emergência do avião. Estava a gostar do livro, das descrições da paisagem, das colinas e das planícies, das savanas e das florestas que surgiam entre os relatos das caçadas de Hemingway a rinocerontes, bufalos, leões, kudus, zebras. Do relato da vida no acampamento, do calor e dos mosquitos, do trabalho dos carregadores, esfoladores e portas espinguardas e dos wiskeys com soda no final do dia.
Como escreveu o O Observador, "neste livro e neste pequeno trecho, Hemingway, confessa-se a nós, de uma forma única. Toda a sua essência está aqui." 

"(...) Veria os búfalos pastar no sítio onde viviam e, quando os elefantes atravessássem a colina, contemplá-los-ia e vê-los-ia quebrar os ramos sem ser obrigado a disparar, estender-me-ia nas folhas caídas e veria os kudus a pastar e não os alvejaria (...), ficaria estendido todo o dia atrás dum rochedo a olhá-los pela encosta, vendo-os tanto tempo que acabassem por me pertencer para sempre.
(...)
Claro que não se podia ali fazer vida. (...) Isto era o que nos diziam. Decerto. Mas eu não queria ganhar dinheiro. Tudo o que queria era viver ali e ter tempo para caçar. (...) Adorava o país e sentia-me em casa, e quando um homem se sente em casa fora do sítio onde nasceu, é para lá que deve ir.
(...)
Voltarei a África, mas não para ganhar a vida. Isso posso fazê-lo com dois lápis e umas centenas de folhas de papel barato. Mas voltarei onde me apaz viver; realmente viver. Não apenas deixar correr a vida.
(...)
Aqui posso caçar e pescar. Isto, escrever, ler e ver quadros é tudo o que me interessa fazer. Posso recordar todos os quadros. Há outras coisas que gosto de ver, mas estas são as que gosto fazer. Isto e esqui. Mas as minhas pernas agora estão fracas e não vale a pena dar tantas voltas para chegar à neve. Actualmente vê-se gente demais a fazer esqui. (...)."

Warm Heart of Africa I

Escrevo de Lisboa. Já matei as saudades da família, já estive no café com os amigos, já senti o frio de inverno na cara, já estive com os pés frios, já me irritei no shopping com as compras no natal e já estou com a neura de passar o dia em frente ao computador.

Já me esqueci de metade das coisas que pensava escrever enquanto ia em viagem pelas estradas do Malawi ou do Zimbabwe, embalado pelas curvas e buracos da estrada, pela visão das montanhas arredondadas pelas chuvadas de há milhões de anos, pelas buzinadelas às bicicletas carregadas de sacos de carvão e pelos vendedores de mangas, cogumelos, espetadas de ratos à beira da estrada. Foi um mês e meio intenso, de descoberta, a 1ª vez em África, como a 1ª vez em outras coisas, foi a melhor. Foi um período feliz vivido em pleno, de forma genuína, simples e em liberdade, sem tretas. Conheci várias pessoas boas que me receberam bem, conheci muitos malawianos que me supreenderam pela bondade, inteligência e capacidade de trabalho. Fui tratado como um ser de outra planeta pelas populações mais rurais, os mais pequeninos choravam, os mais velhos olhavam-me com curiosidade e riam-se a cada palhaçada minha. Quando os assustava a brincar fugiam todos para o mais longe que conseguiam enquanto as mães riam às gargalhadas, depois voltavam. Foi assim o primeiro fim de tarde que fui ao poço da aldeia buscar água. 

Ao olhar pela janela do avião na abordagem à pista de Lilongwe vê-se cubatas, terra avermelhada pintalgada com árvores aqui e ali e pequenos campo agrícolas. O aeroporto é pequeno e suficiente para o único avião que aterra diariamente. Puxo as mangas da camisa e preparo-me para o calor. Ao pisar a pista entro num fime nunca visto de um estilo que ainda não tinha ouvido falar. Hi Bwana, welcome to the warm heart of Africa.

Zimbabwe - Mushandike

- Cartografia Geológica
- Cartografia Estrutural
- Recolha de amostras
- Fotos

Material:

Roupa para a chuva
Sacos de amostras
Canetas permanentes
GPS + Cartões + pilhas recarregáveis
Máquina fotográfica
Bússola
Lupa
Íman
Lanternas
Fita métrica
Replente
Martelo de geólogo
Kit 1º Socorros
Canivete
Chapéu

Trabalhadores Mushandike:

Equipa A - Takawira Matiza, Honest Muzondo, Godknows Shonhayi
Equipa B -  Nyasha Ozore, Cephas Mashizha, Courage Mashizha.

Geology of Malawi

Geology of Malawi

The greater part of Malawi is underlain by cristaline rocks of Precambrian to lower Paleozoic age which are referred to the Malawi Basement Complex.
At various localities in the north and south of the country these rocks are overlain uncomformably by sedimentar and subordinate volcanic rocks which range in age from Permo-Triassic to Quaternary. Intrusive rocks of upper Jurassic to lower Cretaceous age, assigned to the Chilwa Alkaline Province, occur widely throughout Southern Malawi and form a distinctive feature of the local geology. Large tracts of the Lake Malawi litoral, the Shire valley and the Lilongwe, Kasungu and Mzimba plains are covered by various superficial deposits.
The basement complex has undergone a prolongued structural and metamorphic history. The post-basement complex development of the country was dominated by epiorogenic movements, faulting and the formation of the Malawi Rift Valley.

Likudzi Campsite

Likudzi Campsite

- Big Generator
- Electricity
- Dozer for tractor
- Move Mauridi Tent
- Construction (Core House, Office, Diesel House, Bath room, Toillet, Kitchen, Wood, Fence)
- SALARIES!!


Chegada ao Malawi - Lilongwe

Paisagem espetacular, terra vermelha arada, árvores aqui e ali, grupos de cabanas, meia dúzia, dúzia no máximo em campos de terra amarela pisada. Línguas verdes de terra cultivada acompanhando os ribeiros e rios.
Falei pela primeira vez com uma malawiana de seu nome Sofi. Vive nos Estados Unidos e vinha ao funeral da mãe. Expliquei-lhe a razão da minha vinda, apesar de ainda não saber bem. Agora que escrevo já sei que me livrei da mina de Karonga por enquanto. Vou andar na prospectar minerais com recurso a sondagens e trabalho de campo. Gerir equipas e tratar da parte técnica. O meu chefe é o geólogo Rui Franco. Nasceu em Angola e quando foi o 25 de Abril foi com os pais para a Namíbia. Estudou em Coimbra. Senti-me imediatamente à vontade com ele. Não poderia ter tido uma melhor sensação ao chegar ao Malawi.
Fiz a viagem com 2 sondadores, Francisco Ganhão e André Lage, o seu aprendiz. Em relação às sondagens serei por uns tempos o aprendiz dos dois.

Níquel, platinoides, cobre, serão os metais de alta tecnologia que vou procurar e calcular reservas.

Tenho um empregado, o "house boy" que se chama Amos. Vive aqui na propriedade com a sua mulher e os seus 3 filhos. Não me disse a idade, mas que tinha nascido em 1968. Trata-me por "Sir". Talvez deva dizer-lhe para tratar-me por John.

Os residentes da casa são o Renato de Braga e o Gonçalo de Telheiras.

Assim vão passando os dias

Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.

Alberto Caeiro